Forças militares leais ao líder líbio, Muammar Gaddafi, voltaram a bombardear áreas rebeldes nesta sexta-feira (4), fazendo com que a crise política iniciada há cerca de duas semanas caminha para uma guerra civil aberta. Segundo relatos, pelo menos duas cidades, Brega e Ajdabiya, foram alvos de ataques.
A emissora “Al Arabiya” informou que a cidade petrolífera de Brega, em poder dos rebeldes, teria sido bombardeada pelo terceiro dia consecutivo. O alvo do ataque, segundo o canal de televisão, era uma das instalações petrolíferas de cidade, que fica cerca de 200 quilômetros ao oeste de Benghazi.
O controle das instalações é essencial para a provisão elétrica da região do país que é controlada pelos rebeldes. A cidade também é a rota de acesso à própria Benghazi.
Ontem se viveu um dia de luto em Ajdabiya, onde foram enterradas seis das 12 pessoas que morreram em ataque das forças leais a Gaddafi na quarta-feira.
Durante a madrugada o movimento pró-Kadafi lançou uma ofensiva que foi repelida pelos milicianos, que conseguiram expulsar do aeroporto de Brega os homens que apoiam o ditador.
Embora tenham ocorrido ataques aéreos nos três últimos dias sobre esta cidade, as forças leais ao coronel líbio ainda não mobilizaram suficientes tropas terrestres para alcançar seu objetivo.
Os objetivos do regime em Brega são cortar a provisão elétrica de Benghazi e proteger as rotas de acesso a Trípoli, a capital da Líbia e sob controle de Gaddafi.
Um avião bombardeou também a área próxima a uma base militar localizada em Ajdabiya, na mesma região, sem provocar vítimas ou danos materiais, informaram fontes ligadas à oposição.
“Uma bomba explodiu no lado de fora da base militar próxima de Ajdabiya”, declarou Mohamad Abdallah, que estava no último posto de controle da cidade, na estrada que leva a Brega. “Aconteceu às 8h [3h de Brasília]“, completou.
Para “assustar” os rebeldes
Os bombardeios contra o porto de Brega tinham a intenção de “assustar” os rebeldes, afirmou o filho mais conhecido do ditador, Saif al-Islam, em entrevista ao canal britânico Sky News.
“As bombas eram apenas para assustar, para que fossem embora”, disse. “Ali não há cidade, a cidade de Brega fica a quilômetros de distância. Estou falando do porto, onde há apenas uma refinaria de petróleo”.
Saif al-Islam deixou claro que o regime fará de tudo para evitar que o porto passe ao controle dos rebeldes. “É o eixo do petróleo e gás líbios. Todos nós comemos, vivemos, graças a Brega. Sem Brega, seis milhões de pessoas ficarão sem futuro, porque desta região exportamos nosso petróleo”.
“Ninguém permitirá que as milícias controlem Brega, que seria como permitir a alguém controlar o porto de Rotterdã”, comparou.
O filho de Kadhafi advertiu ainda que o regime não vai tolerar mais protestos. “Tudo será feito para deter qualquer um, para trazer de volta a paz e a ordem”.
FONTE/FOTO: UOL news/J. Silva/Folhapress
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