Não é fácil para um veterano de guerra narrar suas histórias. Mesmo que o tempo separe o presente dos acontecimentos vividos em quase duas décadas a dor e o sofrimento permanecem.
Para o americano Mike Durant não é diferente. Mas no seu caso a tragédia pessoal ganhou fama pelo mundo através dos cinemas. Sua maior e mais trágica experiência de vida foi narrada no filme “Black Hawk down” (Falcão Negro abatido – Columbia Pictures 2001).
Durant hoje está na reserva, mas continua contando suas histórias para plateias sempre interessadas em ouvi-lo. Na última sexta-feira não foi diferente. No complexo Redstone Arsenal (Alabama) do Exército dos EUA, o subtenente da reserva Mike Durantdeu a sua versão dos fatos.
A batalha de Mogadício
No decorrer da ação um helicóptero MH-60 Black Hawk, “Super 61” na fonia, que estava dando cobertura foi atingido por um RPG e caiu a três quarteirões da área do alvo. Logo após a tentativa de resgate dos sobreviventes do Super 61, outros dois MH-60 foram atingidos, sendo que um deles conseguiu retornar para base. O “Super 64”, pilotado pelo subtenente Michael Durant, caiu a cerca de 1.5 Km do “Super 61”.
A multidão foi para o local, e a despeito da heróica defesa, matou todos os tripulantes com exceção de Durant, que foi pego como refém. Durante o seu tempo de prisioneiro, Durant conheceu os 11 dias mais longos e penosos de sua vida.
Em 14 de outubro de 1993, depois de intensas negociações, Aideed libertou Durant, piloto e único sobrevivente da queda do “Super 64” e um soldado nigeriano das forças da ONU, capturado anteriormente, como um gesto de “boa vontade”.
A narrativa pessoal
Depois de 17 anos Durant dividiu com os ouvintes de Redstone a “experiência que mudou a sua vida”.
Seu helicóptero foi atingido por um RPG no rotor de cauda a baixa altura e acabou colidindo com o solo. Ele e a sua tripulação de três homens sobreviveram à queda. Durant ficou inconciente e os demais ficaram bastante feridos. Dois franco-atiradores do Força Delta voluntariaram-se para defender a posição do helicóptero abatido. O número de rebeldes era muito grande e em um deteminado momento a munição acabou. Todo o grupo foi morto, com exceção de Durant.
“Quando retomei a consciência, tinha um ferimento nas costas, uma perna quebrada e alguns ossos da face também quebrados. “Meus ferimentos me levariam à morte em 35 ou 40 dias”.
Sua libertação ocorreu depois de 11 dias de cativeiro, sendo enviado para um hospital nos EUA para tratamento médico. “Percebi que haviam partes físicas e psicológicas a serem recuperadas”.
“O Exército iria me ‘groundear’. Não me deixariam voar mais. Quando dizem a você que você não será mais capaz de fazer aquilo que você quer mais acima de qualquer outra coisa, você não aceita. Queremos lutar contra esta situação”.
“Eu era um piloto lutando para ter de volta a parte da minha vida e minha identidade.”
Durant estava determinado a provar que a decisão do Exército não era a mais correta e que sua forma física estava intacta. Somente 11 meses após deixar o gesso, o subtenente foi participar da prova de maratona dos Fuzileiros Navais.
“Eu quase me qualifiquei para a Maratona de Boston”, disse Durant após cruzar a linha de chegada com o tempo de 3:37h. “Mas a autoridade que iria me dar baixa não poderia dizer ‘não’ ao meu desejo de continuar servindo. Depois da corrida ele me manteve na força e eu voei por mais cinco anos”.
Seu lado espiritual foi rejuvenescido. “Orei mais naqueles 11 dias do que toda a minha vida. E por tudo o que Ele fez por mim , Ele não pediu nada em troca”. “Sinto-me abençoado. Me sinto melhor hoje sobre quem eu sou e sobre as coisas que aconteceram 17 anos atrás”.
Baseado nas suas experiências de vida Durant escreveu dois livros: “In the Company of Heroes” e “The Night Stalkers.” Suas narrativas formaram a base do roteiro do filme “Black Hawk Down.”
Com informações do site do Exército dos EUA
FOTOS: Columbia Pictures e US Army
Nenhum comentário:
Postar um comentário